domingo, 30 de janeiro de 2011

Falar várias línguas retarda o envelhecimento do cérebro

Está provado que falar várias línguas é um factor que pode retardar o envelhecimento do cérebro. Um estudo, levado a cabo na Universidade de Tel Aviv, permitiu concluir que as pessoas que falam duas ou mais línguas exercitam mais o cérebro e, consequentemente, apresentam um melhor estado cognitivo numa idade avançada do que os monolíngues.

http://www.sciencedaily.com/releases/2008/05/080507152419.htm

Quantas línguas será possível aprender?

Para provar que o multilinguismo é de facto um tema actual esteve o teste intermédio de Língua Portuguesa do 9º ano que decorreu na passada sexta-feira, dia 28 de Janeiro. Com efeito, o primeiro texto apresentado para interpretação no grupo I falava de um tradutor grego da Comissão Europeia que fala 32 línguas. Transcreve-se a seguir o texto, adaptado do Expresso, que os alunos tiveram de analisar.


 
O GREGO QUE FALA 32 LÍNGUAS
Ioannis Ikonomou é tradutor da Comissão Europeia, estudou em Harvard e viveu numa favela.
Começou a estudar inglês com cinco anos e, desde então, tem dedicado a vida às línguas. Apaixonou-se pela Rússia e pelo idioma de Dostoievski e de Tolstoi quando frequentava o secundário. Um encontro inesperado com uma professora alemã, que lhe deu aulas particulares durante umas férias em Creta, permitiu-lhe somar o alemão ao currículo. Do russo, do árabe e do turco, apropriou-se antes de entrar para a faculdade, no início da década de 1980. Hoje, aos 44 anos, fala 32 línguas e conhece duas mãos-cheias de idiomas antigos: latim, sânscrito, avéstico, persa, gótico, páli, eslavo eclesiástico, hitita, lúvio, osco e umbro.
As primeiras palavras em português foram proferidas na Universidade de Harvard, que frequentou entre 1988 e 1992. Ocorreu-lhe aprender o idioma de Camões um pouco «à boleia do espanhol», confessa, mas depressa o transformou numa paixão. Um curso intensivo no Instituto de Línguas do Rio de Janeiro iniciou-o nos vocábulos da língua, mas algumas semanas entre os favelados revelaram-lhe o português do Brasil.
Mantém uma estreita relação com Portugal e, sempre que pode, visita Lisboa para ouvir fado e ver os amigos. Estudar a língua de Camões não foi complicado, porque «não há línguas fáceis ou difíceis», apenas diferentes das que já conhece.
Aos 21 anos, rumou a Pequim e cometeu outra loucura linguística: estudou basco (e mandarim, ao mesmo tempo) com um professor do País Basco e uma companheira de curso jugoslava. «O basco faz hoje parte das línguas que, infelizmente, esqueci», lamenta. Estabelecer rotinas diárias é o segredo para manter e aperfeiçoar o domínio das línguas. Acompanha as notícias de Portugal e de Espanha pela televisão, vê talk-shows de vários países e consulta, na net, os principais jornais. «Tento ficar sempre em contacto com os idiomas que estudei, para não os esquecer.»
A paixão pelo amárico, a mais recente língua no seu currículo, nasceu de uma entrevista que deu a um jornal alemão. À pergunta «qual será a próxima língua?», Ioannis respondeu «amárico», apenas por ser fã da cozinha etíope. «Um colega leu a entrevista e ligou-me a avisar que um restaurante de Bruxelas ia dar um curso de amárico durante três dias. Estudei o idioma dia e noite e, quando cheguei ao curso, a professora colocou-me na classe mais avançada», explica. E a próxima língua, qual será? «A tigrínia», língua oficial da Eritreia.
Expresso, 23 de Maio de 2009 (texto adaptado)



Apesar de bastante impressionante, não é de um todo a pessoa quem maior número de línguas aprendeu. Este recorde pertence ao professor brasileiro Carlos Amaral Freire, que tendo estudado mais de 115 idiomas, é considerado o maior poliglota vivo. É óbvio que não fala todas essas línguas, pois isso seria humanamente impossível, mas consegue comunicar em cerca de 30 línguas.

Numa entrevista que concedeu em 2009, Carlos Amaral Freire revela que um dos segredos para adquirir uma língua estrangeira é a rotina diária e o rigor, tal como defende o grego Ioannis Ikonomou. Para saber quais as outras dicas, veja a entrevista (disponível na íntegra no Youtube).  





A Torre de Babel

 
Segundo o Antigo Testamento, a história da Torre de Babel explica a razão pela qual os homens, que até aí se entendiam perfeitamente e falavam a mesma língua, passaram a não se perceberem e a falarem línguas diferentes. Hoje em dia, esse mito é uma tentativa de explicar a diversidade de idiomas e de culturas existentes no mundo.


1 Em toda a Terra, havia somente uma língua, e empregavam-se as mesmas palavras.
2 Emigrando do Oriente, os homens encontraram uma planície na terra de
Sinar e nela se fixaram.
3 Disseram uns para os outros: «Vamos fazer tijolos, e cozamo-los ao fogo.» Utilizaram o tijolo em vez da pedra, e o betume serviu-lhes de argamassa.
4 Depois disseram: «Vamos construir uma cidade e uma torre, cujo cimo atinja os céus. Assim, havemos de tornar-os famosos para evitar que nos dispersemos por toda a superfície da terra.»
5 O SENHOR, porém, desceu, a fim de ver a cidade e a torre que os homens estavam a edificar.
6 E o SENHOR disse: «Eles constituem apenas um povo e falam uma única língua. Se principiaram desta maneira, coisa nenhuma os impedirá, de futuro, de realizarem todos os seus projectos.
7 Vamos, pois, descer e confundir de tal modo a linguagem deles que não consigam compreender-se uns aos outros.»
8 E o SENHOR dispersou-os dali por toda a superfície da Terra, e suspenderam a construção da cidade.
9 Por isso, lhe foi dado o nome de Babel, visto ter sido lá que Deus confundiu a linguagem de todos os habitantes da Terra, e foi também dali que os dispersou por toda a Terra.
                                                                                                                                  (Génesis, 11)
 

A Torre de Babel, por Pieter Brueghel


"A Torre de Babel, que significa a "porta do céu" ou a "porta de Deus", é mencionada na Bíblia como uma das construções mais ambiciosas do homem. Chegados ao Oriente, os Babilónios estabeleceram-se na planície de Sinar, onde resolveram construir uma cidade, a Babilónia, uma das sete maravilhas do mundo, com sumptuosos palácios, jardins suspensos e com uma torre, erigida, provavelmente, em forma de zigurate e coroada por um templo, no seu topo, por forma a alcançar o céu. Segundo Heródoto, a cidade era tão magnífica que era incomparável a qualquer outra existente. Com esta obra, o povo podia tornar-se famoso e evitava a sua dispersão pela terra. Todavia a Torre de Babel era obra do orgulho humano, pois pretendia estar à altura de Deus e eventualmente contra ele. Por essa razão Deus castigou os seus construtores.
Quando Deus veio à terra visitar a obra, considerou que, sendo um povo com uma única linguagem e com as obras realizadas, nada os impediria de realizarem o projecto deles. Então, para castigar a obra do orgulho humano, Deus resolveu confundi-los na sua linguagem, de tal forma que não se compreendessem uns aos outros. Sem se entenderem, os construtores da Torre de Babel interromperam os seus trabalhos de construção e dispersaram-se por toda a terra, dando origem às diversas culturas e diferentes línguas que se falam no mundo. A partir de então, Babel passou a ser sinónimo de confusão e a simbolizar o castigo divino sobre a arrogância, orgulho e paganismo humanos."


Torre de Babel. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2011. [Consult. 2011-01-30].
Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$torre-de-babel>.


Há quem defenda a existência de uma linguagem única original, a língua adâmica. Segundo as tradições abraâmicas, esta teria sido a língua falada por Adão e Eva no Jardim do Éden. Contudo, não havendo qualquer base científica, a Línguística histórica tem lutado desde há muito contra esta ideia, apesar das características comuns entre as linguagens apontarem na direcção de uma única língua ancestral. 



O que é o multilinguismo?

A palavra multilinguismo descreve o facto de um indivíduo ou uma comunidade ser multilíngue, ou seja,  ser capaz de comunicar em várias línguas.


Logotipo da Confederação Suíça
 A Suíça, por exemplo, é um país onde coabitam quatro línguas nacionais: o alemão, o francês, o italiano e o romanche.



     

Fala-se especificamente de bilinguismo e até de trilinguismo, no caso de estarmos perante duas ou três línguas respectivamente.
Em oposição a estas noções encontra-se o monolinguismo, quando apenas se fala uma única língua.


Ethnologue 16 book coverSegundo a Wikipédia, existem 105 línguas oficiais nos países do mundo. Mas esse número está longe de representar a variedade de idiomas falados. Sabe quantos idiomas existem no mundo? 
De acordo com o compêndio Ethnologue: Languages of the World, considerado o maior inventário de línguas do planeta, são mais de 6900 os idiomas em todo o mundo. Este livro, editado desde 1951, é uma espécie de bíblia da linguística, indicando quais são as línguas em uso, onde são faladas e quantas pessoas usam o idioma.

Os organizadores da enciclopédia acreditam que o total de línguas no planeta pode ser até maior. Estima-se que haja entre 300 e 400 línguas ainda não catalogadas em regiões do Pacífico e da Ásia. Além de somar todas as línguas que existem, o Ethnologue traz outras curiosidades. Vejamos algumas.
  • O Brasil tem 188 idiomas em uso – o português (claro!), mais 187 variedades indígenas. Uma delas é o apiacá, falado por apenas dois brasileiros, e o ofaié, praticado por 11 índios do Mato Grosso do Sul. Cerca de 30 dessas línguas estão em extinção e 47 idiomas que um dia foram falados no país já desapareceram para sempre.
  • O idioma mais popular do planeta é o mandarim, o principal dialeto chinês, falado cerca de 870 milhões de pessoas. Em segundo lugar aparece o hindi, a língua oficial da Índia, usado por cerca de 500 milhões de pessoas. O espanhol vem em terceiro lugar, o inglês em quarto e o nosso português em sétimo.
  • O Ethnologue lista 497 línguas que correm o risco de desaparecer em poucas décadas. E segundo a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), metade dos idiomas falados hoje em dia pode sumir durante o século XXI, por causa do predomínio do inglês nas páginas da internet.
  • O país com mais línguas no mundo é Papua Nova Guiné, onde são falados nada menos que 820 idiomas diferentes – a vizinha Indonésia é a vice-campeã, com 742 idiomas. No outro extremo, a Coreia do Norte é o único país onde só se fala uma língua. Em seguida, vem o Haiti, com dois idiomas.


Com tantos idiomas falados no mundo, é inevitável o contacto com outras línguas e culturas que não as nossas. E porque não tirarmos proveito dessas vivências e aprendermos outras línguas?